terça-feira, 27 de novembro de 2012

árvore do re.conhecimento

havia paz
quando deus
era o inconsciente
dos homens
a existência nas asas
nos musgos frescos
na chuva tépida
inocência crua
que nem coito de bicho
mas deus quis virar
adão sapiens sapiens
livre arbítrio
passado
presente
futuro

terça-feira, 30 de outubro de 2012

polaroid

um poema
tal qual uma foto
aguardando pra ser revisitado
numa manhã de domingo

toda vez que se lê
sentidos afloram
permeiam sensações

não é algo que se decida
que se assemelhe à vontade
é um desembrulhar experiências
na urgência da vida

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eros e Psyche

seja como for
temos nos estranhado
bêbados de tanta afirmação
titubeantes de certezas
de dia a ira
de noite calmaria
a certeza dos amantes
é a agonia

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

céu de brasília

pela fresta da janela
o céu de brasília
azul de metileno
giz
azulejo
aniz
 360º  
vis a vis

terça-feira, 18 de setembro de 2012

reggae

a vida toma a vida
toma,
     a tua vida
toma,
     conta dela
sem pudores

[arranca a erva daninha]

reggae

de quebra
faz um poema
como garantia
faz um poema
pra eternizar : memória

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Drumoniano

saudades
da Lapa e sua fauna
Bulbul e Satã

ousadia e brejeirice caboclas
Santa Teresa velando a gente lá de cima
os Arcos contemplando

no falseio do estribo
pernas brancas 
pretas amarelas
pra que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração

a capoeira dos mestres
jogada com precisão
os gringos pasmos

a escadaria Selarón
incenso
colar de sândalo

no sobrado trinta e quatro
a Flor de Coimbra
e o torpor das tardes do verão carioca
  
(poema incidental “Poema de Sete Faces” de Carlos Drumond de Andrade)
  

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Manoelino

Estimular
Provocar
Irritar
Um olhar estrangeiro
A pedra de tropeço
Tratando-se de um poema
O título poderia conter
Aquele nome
Que lembra
Um sabor
É que a língua
Delira no significante

Desinventar objetos. O pente, por exemplo. Dar ao pente funções de não pentear. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou uma graranha. Usar Algumas palavras que ainda não tenham idioma. (O Livro das Ignorãça, Manoel de Barros)



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

blues alado

um blues alado
assim bem dedilhado
BBKing e Lucille

choro negro do norte
flutua na manhã de agosto
chega fácil aos meus ouvidos

o acorde já sei de cor [ação]
visceral vocação
e prazer ancestral

quinta-feira, 12 de julho de 2012

lavras novas

julho em lavras novas
adivinhar através da bruma
conversa fiada à beira do fogão de lenha
pinga da boa que se bebe na cabaça

o uai nativo
mistura-se a sotaques
antes
quilombo nas geraes
hoje
pouso e destino de quanta gente

na rua dos prazeres
a capela acesa pra missa
a estrada real testemunha
e o trem da vale
anuncia a passagem do tempo

sexta-feira, 18 de maio de 2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

o verbo e o zen


sol de dezembro
nascimento e manifestação do Cristo
lua cheia de maio
nascimento e iluminação do Buda



domingo, 6 de maio de 2012

vida inteira

janela 
da alma
indiscreta
voyeur
do lado direito
um cisto apócrino (.)
meus achados
,perdidos,

mosaico
vitral
quebra-cabeça 
unir pontas e
extremidades
tarefa pra vida 
inteira

sábado, 5 de maio de 2012

sexta-feira, 4 de maio de 2012

roda da vida

memória do corpo
inspira o pulsar
carne
nervos
ossos
afirmação da vida 
provoca
tudo expira
- reparem, 
a realidade 
é mais forte 
do que o querer

sexta-feira, 27 de abril de 2012

viajor

quem é esse
viajor
com ele 
adestro meu olhar
adorno emoções 
refino pensamentos
um momento 
preenchido
particular 
e universal
ao mesmo tempo
humano 
e numinoso

quarta-feira, 18 de abril de 2012

gata pagu

olhos oblíquos de Pagu
atravessam a carne da gente
inventa movimentos
alonga membros
corcoveia no ar
emite sons 
de outras naturezas
gata-lebre
gata-pomba
gata-loba
bicho de hábitos 
e afetos
tudo cheiro
tudo instinto
simples assim
existir lhe basta

cais do oriente

traço a pele 
com nanquim
em tons de ocre e carmesim
enquanto o verão não chega,
ensaio caligrafias.
arrisco silhuetas,
no papel de arroz.
em delicada 
seda pura,
aquarelas.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Paladar


A primeira vez
do cardamomo:
alfazema e lavanda,
verão, de repente.

clairs-de-lune

lua minguante
espada sarracena
silhueta mourisca


identidade

peixes sol
ascendente escorpião
lua cancer
carioca da gema e da Saúde
cercada de água por todos os lados
às vezes ilha 
às vezes o mundo
sempre muitas
porque, no momento, é o que posso