azinhavre no fuzil
a vereda de buritis
subtrai a batalha
no deserto
o vento contra-alísio
espalha a novidade
e compõe
uma sinfonia distinta: bafo, sopro, assobio
atiça dunas
movimenta caravanas
<se orientam por cartas celestes>
sem cerimônia
galopam
planícies de sal
carne viva nômade,
bérbere
pertencem ao tempo
senhores de areia
divindades sem altares
se revezam
entre trajes de índigo
cospem a ferida
macerada dos ancestrais
íntimos da sua condição
ainda tantos
quase muitos
tuaregs
A madrugada amplificava
o ruído surdo do metal
na porta de serviço
Madrugada caprichosa
daquelas que ecoam pensamentos
de umas cores indizíveis,
forma insinuante e corpulenta
propícios ao último sonho da noite
Uma luz ínfima espreita por trás da persiana
cega as retinas (acostumadas à penumbra do quarto)
os cravos vermelhos, presente do amante português
secos - virariam pout-pourri no vaso de baccarat
A madrugada
rubra, colorada e carmim
amplificada no ruído surdo do metal
faço plantão das minhas emoções
dia/noite/dia/noite/dia/noite/dia:
um Narciso
se deliciando com a própria imagem
_ ai de mim assim tão identificada