terça-feira, 30 de abril de 2013

bérberes

azinhavre no fuzil
a vereda de buritis 
subtrai a batalha 
no deserto
o vento contra-alísio 
espalha a novidade
e compõe 
uma sinfonia distinta: bafo, sopro, assobio
atiça dunas
movimenta caravanas
<se orientam por cartas celestes>
sem cerimônia 
galopam 
planícies de sal
carne viva nômade, 
bérbere
pertencem ao tempo
senhores de areia
divindades sem altares
se revezam 
entre trajes de índigo
cospem a ferida 
macerada dos ancestrais
íntimos da sua condição
ainda tantos
quase muitos
tuaregs

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de abril


A madrugada amplificava
o ruído surdo do metal
na porta de serviço

Madrugada  caprichosa 
daquelas que ecoam pensamentos
de umas cores indizíveis,
forma insinuante e corpulenta
propícios ao último sonho da noite

Uma luz ínfima espreita por trás da persiana
cega as retinas (acostumadas à penumbra do quarto) 
os cravos vermelhos, presente do amante português
secos - virariam pout-pourri no vaso de baccarat

A madrugada
rubra, colorada e carmim
amplificada no ruído surdo do metal



quinta-feira, 18 de abril de 2013

haikai por um triz

o arco-íris 
circunda
a lua plena
no ápice 
da forma
pousa 
seu semblante
sobre os viajantes
sobre a rã de Bashô

sexta-feira, 12 de abril de 2013

oráculo

faço plantão das minhas emoções
dia/noite/dia/noite/dia/noite/dia:
um Narciso 
se deliciando com a própria imagem
_ ai de mim assim tão identificada