segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Ave Eva

AvE EvA
Havah
afro 
mãe dos viventes
Afrodite
rubra bruxa
escarlate 
essas meninas
de Gaia
cirandeiam em mim
vaidosas 
ditosas
repletas de vozes
à noite
a lua lanterna
[porque o sol ofusca] 
amar primordial
de onde a alma emana


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

alta fidelidade

pela primeira vez
ouvi teu silêncio
em alta fidelidade 
era um nada
a profanar 
meu ouvido 
absoluto

terça-feira, 18 de novembro de 2014

BsB

foto por Márcia Freitas

Brasília 
100 es]quinas
cartesiana  
masculina na ânSIA 
mapeada 
em visões 
do Dom 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A nau e o fidalgo

E la nave va......
......a nau Catarineta
Velas em riste
Rumo à beira lusa

Riscar o Atlântico
atazanado 
por mil demônios

Ouvidos colados 
ao fidalgo
Duarte Coelho:
- "Adeus Terra Brasilis,
alhures sou mais feliz"

[banzo lusitano]

Sonhar pelejas em
Alcácer-Quibir

[junto a El Rey D.Sebastião]

Com o pó do chão africano
cicatrizar a ferida

Que quando seca 
vira máscara mortuária
do mouro e no cristão

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Blues, Choro e Jazz

Sob o céu azul
do blues
A lua cheia 
chorona
Se equilibra desajeitada
na clave de sol 
do jazz.
Resiste, insiste,
um pouco triste.
Na partitura musical
O coro uníssono
Subverte o verso
transverso,
reverso, 
anverso.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

homo celacantus

à deriva a espinha dorsal do bicho. [[[esguicho]]]. prenúncio de mais uma partida. me nutro dela, dessa presença intermitente________todo dia bordo sua silhueta. à noite aborto cada ponto, afrouxo os fios do destino. vício humano por eternidade e universidade. só por hoje me travesto de celacanto, me delicio com amores vadios e impróprios. sorvo a saliva do desejo e regurgito medo. enxergo beleza no efêmero: fui infectada pelo bicho.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

sístole-diástole

coração
tan-tan
balbucia:
sístole-diástole
sístole-diástole
......................
sístole-diástole
......................

sexta-feira, 30 de maio de 2014

baudelaire - entre o ócio e o flanar

as papoulas
amanheceram
fúcsias no jardim. 
tempo de
extrair ópio
de opróbrio.
o olhar
lisérgico
do poeta
desdobra-se
num intrincado
fractal, bela
geometria
da natureza,
caleidoscópio. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

poéticas à parte

palavras são 
tendenciosamente poéticas: 
às vezes delícias, 
às vezes mortícias.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

retoques em toques cotidianos

sinto muito.
a ponto das
entranhas
se partirem
e precipitarem-se
desfiladeiro abaixo,
resolutas.
sinto
tão
absurdamente
que toda neblina
evapora-se
ao sopro do Mistral.
esse doce sacrilégio meu...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

coletivo de água

coletivo 
de água 
é nuvem
mar.é
rio espraiado
gota a gota

água 

serenada
que passarinho
não bebe

oxigenada 

à força
nas cabeças
o.ciosas

coco é 

bica 
q pinga
na Bahia

água 

sanitária
desbota 
o chorume 
da urbe

água

viva
medusa
é flor ardida 
[menos na palma da mão]

água fervida

evapora oxigênio
filtrada
guarda o gosto
da terra

domingo, 27 de abril de 2014

sábado, 12 de abril de 2014

efeito trema

hoje,
estou tranquila.
ontem,
tranqüila.
[será que
assim pareço
desalmada?].
aos cinqüenta
éramos mais velhos.
com cinquenta
não precisamos
carregar tanto
nas tintas.
foi-se 
o tempo
da pregüiça
da espécie.
hoje,
preguiça dá
em bicho e
em gente.
ontem,
lingüiça era
de porco.
hoje,
a linguiça é
light
e de frango.
- efeito trema.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

terça-feira, 1 de abril de 2014

Querido Beto,

sinto saudades. Você é herói no meu imaginário. Lembro seu quarto no ap. da Rua Espírito Santo, em BH, a estante com livros intermináveis que eu gostava tanto de folear. O capuz de lã peruano que dava o toque de cor no ambiente. Aliás, lembro muito bem quando você e os tios chegaram com as madeiras e tijolos. Adorava a sensação de te conhecer melhor por meio dos seus objetos. A última vez que te vi foi lá no Rio. Você apareceu pro almoço e minha vó completou a refeição com ovo frito - que você adorava. Em minha memória afloram pequenos momentos, porque, o homem público, a história se encarrega de homenagear, nesses 50 anos do golpe militar. Beijos da sobrinha.

Em memória de Carlos Alberto Soares de Freitas, desaparecido no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1971. Torturado durante seis meses na Casa da Morte, em Petrópolis/RJ.

sexta-feira, 14 de março de 2014

temporal

imagens 
deflagradas 
em tempo real: 
um mímico
pleno controle muscular 
pele mecânica
um locutor
sotaque neutro 

opinião tendenciosa 
na rede 
neural digital

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

poema Conselheiro

pensei
num poema
que beire o insulto,
um desacato
à autoridade
dos notáveis.
que faça raiva
aos eruditos.
versos livres,
rimas pobres.
lúdico.
poema menino
de face erodida.
sertão Conselheiro.
andarilho não
circunscrito ao
destino,
sem tino.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

coletivo de palavra

palavra final
palavra-chave
palavra de fé
palavra cruzada
palavra-mãe
palavra de conforto
palavra de honra
palavra da salvação
palavra composta
palavra dada
palavra ao vento
palavra de gratidão
palavra de ordem
palavra do dia
palavra falada
palavra escrita
palavra cantada

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

rogai por nós

1
no ato
falho
falei 
ao rei
do falo
- onírico


2
me apraz
a palavra
minerva
me enerva
a erva
de santa maria
- rogai por nós

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

o cordial e o polido

esse tal
homem cordial
periga ser cortês
toma vinho francês
de sabor
desmaiado
acompanhado de um
cão maltês 
aventureiro português
desses mares 
muito dantes
navegados
confabula e
pula rituais 
com um pé só
sem rapapés ou
pererês
confunde público 
com privado
diferentemente 
do capitalista 
escocês


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

silêncio

silêncio 
não é falta de ruído
silêncio 
é o outro lado do ruído
um não é sem o outro
adiante 
pousa a realidade

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

chá com musseline

era um tal de se aprumar
procurar uma posição menos 
inconveniente
na poltrona da sala 
um certo mal estar - ali
olhar pousado na parede
quedava a mulher 
naqueles dias
incomodada
sofria com as desregradas regras
25
    33
23 dias
tão pouco fluxo a ser repetido
pelos próximos 30 anos
corpo avolumado sob
o vestido de musseline branco
apesar da cinta que arroxava
a silhueta bem delineada
a caneca de chá aquecia os dedos enrugados
jamais acostumados com o efeito 
da água sanitária 
sobre a pele 
da mulher incomodada
os vasinhos de violeta salpicavam
o dia-a-dia
e combinavam com as toalhinhas de crochet
de mais uma mulher desses tantos dias 
desregrados e incomodados

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

coleção prêt à porter

madeimoiselle
manda ver no petit déjeuner
mad moiselle
não perde uma sessão de filme noir
ma moiselle 
abusada no agudo da Marseillaise
mademoiselle
vende madeleines no Cirque du Soleil
ma deimoiselle
é démodé


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

língua enrolada

rolezinho 
pode ser à pé
de carro
sozinho
acompanhado 
pode ser também 
um bife à rolê 
com batata doce pra acompanhar
no rio é rolé
em sampa é rolê
diz-se que 
o/a fulano/a 
tem um rolo 
com alguém 
quando pequena 
lembro 
da minha mãe 
fazendo o rol 
de roupas 
pra lavanderia 
não posso esquecer 
da gola rolê
moda nos anos 60
em pernambuco 
come-se muito bolo de rolo
já no rio 
a gente gosta mesmo 
é de rocambole

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

GALERIA PERFUMADA

aroma 
de romã
roma antiga
avenca 
abacate 
amora
crescem 
no quintal de sinhá
pra lá 
das minhas geraes



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Delicado aniz

vou consultar o Google Maps
e mapear o céu da boca
ciosa de si
de marré de si
preciosa oca
com Delicado aniz
preencher os buracos
negros
os vãos intrépidos
da arcada dentária
arcádia de delícias 
asco
regar com a via láctea
o dente de leite
e com juízo
o siso